A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) passou a recomendar a suplementação de vitamina D para toda criança e adolescente até os 18 anos. As diretrizes anteriores sugeriam essa complementação apenas até 1 ano de idade.
A nova orientação foi atualizada em um documento publicado em novembro de 2024, depois de oito anos sem alterações, e pretende prevenir a deficiência da substância nessa faixa etária, o que pode levar a condições como o raquitismo (ossos fracos e deformidades esqueléticas), infecções respiratórias e problemas na saúde óssea.
A decisão de atualizar as diretrizes brasileiras foi tomada após a Sociedade Americana de Endocrinologia publicar, em junho, uma revisão sistemática sobre o tema. Esse estudo identificou 14 questões clinicamente relevantes relacionadas ao uso de vitamina D – entre elas, a suplementação do nutriente para esse grupo pediátrico, principalmente aqueles sem adequada exposição à luz solar e sem uma dieta abundante em alimentos ricos nessa vitamina.
“As crianças e os adolescentes fazem cada vez menos atividades ao ar livre e estão cada vez menos expostas à luz solar. Eles ficam em shoppings, dentro de casa jogando videogame. Por isso, provavelmente parte deles está com déficit desse nutriente”, analisa o endocrinologista Crésio Alves, presidente do Departamento Científico de Endocrinologia da SBP e um dos autores do novo consenso.
Cerca de 90% da vitamina D é obtida pela síntese cutânea após exposição solar; os outros 10% vêm de fontes alimentares. Mas, segundo a SBP, os ingredientes que mais fornecem esse nutriente não fazem parte da dieta habitual dos brasileiros: são peixes de água fria, como atum, arenque e salmão, além de óleo de fígado de bacalhau e fígado de boi. “Até existem alguns alimentos fortificados com vitamina D, como leites e cereais, mas ainda assim são insuficientes para que as crianças atinjam os níveis necessários”, observa Alves.
No organismo, a vitamina D tem como principal função regular os níveis de cálcio e fósforo no sangue, o que é essencial para a saúde óssea. Além disso, ela tem demonstrado outros efeitos relacionados às funções musculares e imunológicas.
Não existe um consenso internacional sobre os níveis considerados deficientes — cada sociedade médica adota uma referência. A SBP considera como “deficiência” a concentração abaixo de 20 ng/mL e “deficiência grave” aquela menor do que 12 ng/mL.
Na nova diretriz brasileira, a recomendação é de ingestão diária de 600 UI para crianças acima de 1 ano de idade e adolescentes. No caso de bebês que ainda não fizeram o primeiro aniversário, a indicação é de 400 UI. Lembrando que toda suplementação deve ser feita com supervisão médica.
Referência bibliográfica
CNN BRASIL. Vitamina D, suplementação e agora indicada para toda criança e adolescente. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/vitamina-d-suplementacao-e-agora-indicada-para-toda-crianca-e-adolescente/. Acesso em: 2 jan. 2025.
Como referenciar este post?
CINTRA, Patricia. Vitamina D: suplementação agora é indicada para crianças e adolescentes. Post 707. Nutrição Atenta. 2025.