Novas pesquisas indicam que alimentos ultraprocessados (AUPs) aumentam o risco de comprometimento cognitivo e derrames. Um estudo observacional bem detalhado utilizou dados do projeto REGARDS, um estudo longitudinal envolvendo americanos negros e brancos não-hispânicos com 45 anos ou mais. Os participantes, inscritos entre 2003 e 2007, responderam a questionários sobre saúde, dieta, exercício, índice de massa corporal, educação, renda, uso de álcool, humor e outros fatores, além de realizarem testes de memória e linguagem periodicamente.
Os dados de 20.243 e 14.175 participantes foram analisados para avaliar o risco de acidente vascular cerebral e comprometimento cognitivo, respectivamente. Cerca de um terço dos participantes eram negros e a maioria dos restantes eram brancos.
Os principais achados do estudo foram:
O aumento de 10% na ingestão de alimentos ultraprocessados foi associado a um risco significativamente maior de comprometimento cognitivo e acidente vascular cerebral.
A ingestão de alimentos não processados ou minimamente processados foi associada a um menor risco de comprometimento cognitivo.
O efeito dos alimentos ultraprocessados no risco de acidente vascular cerebral foi mais pronunciado em indivíduos negros em comparação com brancos.
Participantes que seguiram dietas saudáveis (como mediterrânea, DASH ou MIND) e consumiram menos alimentos ultraprocessados mantiveram uma melhor saúde cerebral comparados aos que consumiram mais alimentos ultraprocessados, mesmo seguindo dietas saudáveis.
Por que os alimentos ultraprocessados podem ser ruins para o cérebro?
Algumas explicações plausíveis para os efeitos negativos dos AUPs no cérebro incluem:
Carboidratos Processados: AUPs são ricos em carboidratos que se transformam rapidamente em açúcares simples, causando picos de insulina que podem alterar a função das células cerebrais.
Síndrome Metabólica e Obesidade: O consumo de AUPs está associado a um maior risco de síndrome metabólica e obesidade, condições que aumentam a hipertensão, níveis anormais de lipídios no sangue e diabetes tipo 2.
Aditivos Prejudiciais: Os AUPs contêm aditivos que podem alterar a textura, cor, doçura ou sabor dos alimentos, perturbando o microbioma intestinal e causando inflamação intestinal. Isso pode resultar na produção de metabólitos que afetam a função cerebral, aumento da permeabilidade intestinal permitindo que toxinas entrem na corrente sanguínea e alterem neurotransmissores como a serotonina, aumentando os níveis de cortisol e simulando estresse crônico, afetando diretamente a função do hipocampo e do lobo frontal.
Doenças Neurodegenerativas: Moléculas inflamatórias do intestino podem viajar para o cérebro, aumentando o risco de doenças como Alzheimer e Parkinson.
Baixo Valor Nutricional: Alimentos ultraprocessados têm baixo valor nutricional, levando as pessoas a sentirem fome rapidamente e comerem em excesso, exacerbando os riscos mencionados.
Em resumo, a pesquisa sublinha os riscos significativos associados ao consumo de alimentos ultraprocessados, destacando a importância de uma dieta rica em alimentos não processados para a manutenção da saúde cerebral e a prevenção de derrames.
Referência:
BHAVE, V.M., et al. Associations Between Ultra-Processed Food Consumption and Adverse Brain Health Outcomes. Neurology, v.102, n.11, 2024
Como referenciar este post?
MACHIAVELLI, Sabrina Kaely Vital. Riscos dos Ultraprocessados: Impactos no Cérebro e AVCs . Post 649. Nutrição Atenta. 2024.
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