MAIA, Lejanea; RODRIGUES, Rhayane; PALOZI, Rhanany Alan Caloi.
O trato gastrointestinal apresenta diferentes formações bacterianas, sendo estas definidas geneticamente ou por características ambientais e individuais. A maneira como o indivíduo nasceu, idade, hábitos alimentares contribuem para que ocorra uma variabilidade intra e interindividual. Grande parte do TGI é colonizada por bactérias, que se distribuem em mais de 1000 espécies de microrganismos transitórios e permanentes.
Estudos demonstram que quatro filos ocupam o TGI humano sendo: Actinobacteria,
Bacteroidetes, Firmicutes e Proteobacteria que representam 98% da microbiota intestinal. Estima-se que 30-40 espécies de bactérias influenciam o ecossistema da microbiota intestinal, nas quais compreendem os gêneros Bacteroides, Bifidobacterium, Eubacterium,
Fusobacterium, Clostridium e Lactobacillus (Santos, 2018).
Boa parte destas bactérias é anaeróbia e capaz de se comportar como patógeno oportunista. O intestino humano é estéril durante o desenvolvimento fetal in-utero e, ao
nascimento, a passagem pelo canal do parto dá início ao fenômeno de colonização. À medida que o indivíduo se aproxima da idade adulta, a composição microbiana intestinal se
desenvolve de acordo com determinados estímulos ambientais, particularmente a dieta
alimentar. Em geral, apesar de mudanças inter-individuais na composição da flora intestinal,
esta forma um equilíbrio naturalmente estável com o ser humano (Lourenço, 2014).
A microbiota intestinal possui a capacidade de modular a imunidade ao nível da
mucosa, isto pode afetar as respostas imunológicas sistêmicas por meio da modulação no
aumento extra-intestinal dos linfócitos T, levando ao desenvolvimento de tolerância oral e
controle da inflamação. Estudos demonstram que os microrganismos comensais do intestino controlam a manutenção de células importantes para a imunidade de mucosa.
Diante disso, é importante discutir como a microbiota intestinal estabelece uma relação benéfica com o hospedeiro provocando o seu sistema imunológico e por fim o desequilíbrio na composição destes pode estar relacionado com algumas doenças. Verifica-se desse modo, que os microrganismos que compõem a microbiota intestinal permitem estímulos ao sistema imune do hospedeiro e isto favorece a colonização. Ambas partes se beneficiam desta inter-relação. A ocorrência de manutenção da tolerância oral e controle da inflamação pela microbiota intestinal reforça a ideia que possibilita a ocorrência de homeostasia no trato gastrointestinal (TGI) humano (Santos, 2018).
Do entendimento do organismo humano, elementos microbianos antes ingeridos com
os alimentos, têm como efeito a redução da imunidade inata, ou seja, torna as pessoas mais vulneráveis a doenças. Indivíduos que fazem uso prolongado de antibióticos, acabam
debilitando ainda mais as populações de bactérias saudáveis naturalmente constituintes do
sistema digestório.
Existe uma íntima relação entre a microbiota intestinal e a imunidade inata, com
impactos na saúde do organismo. O sistema imune inato é afetado negativamente quando a
microbiota está em desequilíbrio e, com isso, pode concorrer para o desenvolvimento de
várias doenças, como doença inflamatória intestinal (DII), diabetes tipo 1, artrite reumatoide,
esteatose hepática não alcoólica, obesidade, câncer, entre outras. De modo geral, a microbiota intestinal permite a fermentação de substratos não digeríveis presentes no lúmen, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs - Short-Chain Fatty Acids) - principalmente acetato, butirato e propionato, além de gases e calor. A presença de SCFAs no intestino, em especial o butirato, tem ação anti-inflamatória e protetor da barreira intestinal.
Referências bibliográficas
LOURENÇO, Jorge Manuel Trigo Vaz de Romão. Influência da flora intestinal na
etiopatogenia e terapêutica da diabetes. Tese de Doutorado. Universidade do Porto
(Portugal), 2014.
SANTOS, Lauana Aparecida. A microbiota intestinal e a sua relação com o sistema
imunológico. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, 2018.
Como referenciar este post?
CINTRA, Patricia. Microbiota intestinal. Post 645. Nutrição Atenta. 2024.
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