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Foto do escritorSabrina Kaely

INFLUENCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NA OBESIDADE

O trato gastrointestinal é moradia de uma comunidade de bactérias altamente complexa denominada microbiota, esta vem sendo apontada como um dos principais fatores reguladores de eventos da inflamatórios associados a obesidade e alterações metabólicas. Sendo assim a dieta assume papel fundamental na composição, diversidade e funcionalidade da microbiota intestinal.


A microbiota afeta a fisiologia do hospedeiro tanto pelo reconhecimento de vários constituintes bacterianos, quanto por seus metabólitos ativos. Entre os mais estudados ativadores da inflamação estão os lipopolissacarídeos(LPS), que são componentes da membrana externa de bactérias gram-negativas presentes na microbiota que desempenham papel fundamental no início das doenças associadas a obesidade.


Firmicutes (maioria gram +) e Bacterioidetes (maioria gram -), são os filos mais abundantes que compõem a microbiota intestinal, representando 90% do ambiente microbiano. Indivíduos com obesidade apresentam menor diversidade de bactérias com maior abundância relativa do gênero Firmicutes e diminuição de Bacterioidetes.


Firmicutes aumentadas estão correlacionadas positivamente com a gordura corporal, circunferência da cintura e negativamente com a massa muscular.


Em condições de homeostase entre bactérias comensais, simbiontes, patobiontes e patogênicas, ocorre a formação de camada espessa de muco, este muco mais a integridade das tight juncions (junções entre as células intestinais), mais fatores microbianos e células do sistema imune, criam um mecanismo de barreira que impede a translocação do LPS para a circulação.


Por outro lado, em condições de obesidade e/ou na vigência de dieta rica em gordura, principalmente em gordura saturada, ocorre diminuição da camada de muco. Isso ocorre provavelmente em decorrência da redução da Akkemansia muciniphila, bactéria envolvida no turnoverda camada de muco, na mucosa intestinal, além disso, a dieta rica em gordura desestabiliza as tight juncions, aumentando a permeabilidade intestinal e favorecendo a endotoxemia (alta concentração de toxinas nas células sanguíneas).


Sabe-se que a dieta ocidental, caracterizada pelo alto consumo de gorduras e açúcares e baixo consumo de fibras está relacionada a alterações desfavoráveis na composição da microbiota intestinal, resultando em disbiose, caracterizada pela redução da diversidade bacteriana. Essa alteração leva a maior translocação de LPS para a circulação que juntamente com o aumento de citocinas inflamatórias induz o quadro de endotexemia, reconhecida como inflamação de baixo grau observada na obesidade.


Entretanto, manter um padrão alimentar com alimentos ricos em fibras, favorecem perfil mais saudável da microbiota intestinal. As bactérias retiram energia das fibras pela fermentação de polissacarídeos, gerando ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), estes são utilizados como substrato energético para colonócitos, lipogênese e gliconeogênese hepática. Além disso os AGCC atuam em vias de sinalização, ativando mecanismos anorexígenos no hipotálamo.


Um estudo com 217 indivíduos adultos jovens mostrou que, apesar de as fibras favorecerem o desenvolvimento da microbiota saudável, este benefício parece se perder quando associado a uma dieta rica em gorduras. Além da composição da dieta, alterações calóricas também podem modificar a composição da microbiota intestinal, observada em estudo de curo prazo.


Sendo assim, as crescentes evidências demonstram que o consumo moderado de gorduras saturadas, consumo mínimo de açúcares e produtos ultraprocessados e aumento do consumo de alimentos ricos em fibras contribuem com ambiente favorável da microbiota intestinal, evitando ou diminuindo processos inflamatório que podem estar relacionados com o desenvolvimento da obesidade.

 

REFERÊNCIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA(ABESO). Diretrizes Brasileira de Obesidade 2016. 4. Ed. São Paulo: ABESO; 2016.


Como referenciar este post?

Machiavelli, Sabrina. Influência da microbiota intestinal na obesidade. Post 394. Nutrição Atenta. 2023.

Instagram: @nutricionistasabrinakaely

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