E aí já ouviu falar sobre crudivorismo? Não? Muitas pessoas confundem o crudivorismo com o veganismo mesmo sem perceber, pois, o crudivorismo não é tão falado e divulgado como o veganismo, e com isso é normal gerar alguns questionamentos entre pessoas veganas ou não, então vou esclarecer essa dúvida de muitos, e que pode ser a sua também.
Essa forma de alimentação existe há milênios, mas ganhou visibilidade através dos orientais, a partir dos anos 1990, sendo adotada também por algumas etnias indígenas, e ainda envolve em alguns casos crenças religiosas ou pode ser usada como estilo de vida por quem busca uma alimentação mais natural e sustentável.
Crudivorismo, é uma alimentação que prioriza os alimentos de forma crua de origem vegetal, ou seja, é o hábito de consumir alimentos crus, exatamente como são encontrados na natureza, ou preparados de modo a conservar suas características, sem passar pelo processo de cocção. Não podem ser assados, cozidos ou fritos, devem estar sempre em uma temperatura de no máximo de 40 ºC. A explicação é simples: quando cozinhamos os alimentos, há perdas significantes de nutrientes, sendo assim a ausência do calor no preparo seria uma forma de preservar os nutrientes que podem se perder no cozimento.
Para os crudovoristas, consumir alimentos crus é uma forma de interagir com o meio ambiente, preservando a estrutura original do alimento. Já o veganismo, como já falei em outros posts é um estilo de vida e um ato político que exclui qualquer forma de exploração animal da vida de uma pessoa. Diferente do crudivorismo, não tem limite de temperatura na preparação dos alimentos e não exclui alimentos industrializados e ultraprocessados.
E aí fica aquela pergunta: Mas então, o que uma pessoa que segue o crudivorismo come? Sementes germinadas ou hidratadas, verduras, frutas, algas, cogumelos ou qualquer alimento cru e integral são a base desse tipo de alimentação.
Como toda escolha alimentar existem alguns cuidados que devem ser seguidos, e como estamos falando de alimentos crus deve se realizar uma rigorosa higienização dos alimentos, além de ser uma escolha alimentar que dificulta o acesso a proteínas animais, por isso a importância de buscar equilíbrio entre os alimentos consumidos, para evitar deficiência nutricional.
Algumas vertentes do crudivorismo pregam que o alimento seja ingerido o mais natural possível, sem que seja picado ou processado. Outras, as mais comuns, permitem o processamento, desde que a comida não seja aquecida a mais de 40°C. A maior parte das calorias numa dieta crudívora vem do açúcar das frutas. Azeite, oleaginosas não assadas e seus derivados, como bebidas e cremes, legumes e verduras cruas complementam o aporte energético. Feijão e companhia também entram no prato, mas germinados, em forma de broto. É essencial saber quais são os alimentos que precisam de cocção, sempre numa temperatura máxima de 40 ºC, para amenizar os antinutrientes (fitatos), no caso do feijão, da soja, lentilha, do arroz integral entre outros. Essas substâncias dificultam a absorção do ferro e outros nutrientes presentes nos próprios alimentos.
É muito importante que antes de você fazer uma escolha alimentar, saiba o que realmente você quer, e o porquê dessa escolha, pois tudo tem seus prós e contras, sugiro sempre que o ideal é começar com 50% de alimentos crus e ir aumentando aos poucos, além de manter uma grande variedade de alimentos, e buscar informações sobre o assunto.
O crudivorismo assim como outras dietas, tem seus benefícios, mas exige cuidado durante a transição de uma dieta normal para a dieta crudívora. Essa dieta pode ser uma alternativa para pessoas que desejam beneficiar-se ou introduzir em sua rotina alimentar os alimentos minimamente processados dando preferência a alimentos in natura. Ressalto que não importa o tipo de alimentação que queira seguir, a orientação de um profissional nutricionista será sempre necessária.
“Faça escolhas que te faça feliz, e de maneira saudável sempre...”
Qualquer dúvida estou à disposição. Gratidão...
João Marcos Aquino
Referências:
Coury ST, Silva DL, Azevedo E. Dietoterapia Chinesa, Vegetarianismo e Nutrição Antroposófica. In: Silva SMC, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007.
BOUTENKO, Victoria. 12 passos para o cruvidorismo: saúde e vitalidade sem alimentos cozidos. Tradução de Clara Allain.1ed. São Paulo: Editora Alaúde, 2010.
Corrasa, Eduardo. A Dieta do Éden - O guia ao crudivorismo, a dieta original. 1ed. Rio de janeir: Editora Saúde Frugal, 2019.
Como referenciar este post?
AQUINO, João Marcos. Crudivorismo: Como assim, só alimentos crus?. Post 229. Nutrição Atenta. 2021
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